quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

TÁ,CHEIROSO!

Passei a tarde de terça-feira depondo na Polícia Federal e saí de lá indiciada por crime de injúria contra o senador José Sarney (PMDB).
O meu crime foi ter permitido que um leitor postasse no blog este comentário de uma linha apenas: “A família Sarney fede... fede muito”.

Para relembrar:
No dia 27 de agosto do ano passado, reproduzi no blog alcinea.zip.net esta nota da coluna do jornalista Cláudio Humberto:
Sarney se queixa ao bispo
O presidente Lula já não agüenta mais o chororô do senador José Sarney (PMDB-AP). Ele foi ao Palácio Alvorada, acompanhado de Renan Calheiros (PMDB-AL), para se queixar das críticas a sua filha, Roseana Sarney (PFL), feitas por Edson Vidigal (PSB), seu adversário na campanha pelo governo do Maranhão. “O que você quer que eu faça?”, impacientou-se Lula.”


O leitor, acreditando que vivemos numa democracia onde qualquer cidadão tem o direito de se expressar, opinou sobre o “odor” sarneyzista.
Foi o bastante para que Sarney – que se via ameaçado de perder a eleição – movesse ação contra mim no Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, que me condenou a publicar direitos de resposta, tirar postagens do ar e pagar multas absurdas. O Uol tirou o blog do ar.
Cumpri a determinação do TRE. Mas, através de meu advogado Márcio Figueira, recorri para o TSE. E lá Sarney perdeu.
Mas aqui no Amapá, onde o cerceamento à liberdade de expressão - desde que Sarney viu sua reeleição ameaçada ano passado - é muito pior do que na época do regime militar, o caso foi parar na PF.
Por causa do “cheiro” detectado pelo olfato de um eleitor, fedeu para o meu lado. E eu, com mais de meio século de vida e mais de 30 anos exercendo a profissão de jornalista, fui indiciada.
Mas nenhum “cheiro” e nenhum fedor irão me calar. Há muito tempo já passei da idade de ter medo (se é que algum dia tive) dos velhos coronéis que, com suas botas mal-cheirosas e jaquetões fora de moda, ainda tentam pisar e oprimir o povo e arrancar da sociedade o direito à informação.