quarta-feira, 28 de março de 2007

Tá na mídia nacional

Fraudes na Saúde levam 25 à prisão no Amapá
De Bernardo de la Peña em O Globo, de hoje

"A Polícia Federal prendeu ontem, no Amapá, dois ex-secretários de Saúde, Abelardo Vaz e Uilton José Tavares, por envolvimento num esquema de fraude em licitações para a compra de medicamentos e material hospitalar. Além deles, outras 23 pessoas foram presas desde quinta-feira passada como parte da Operação Antídoto, da PF. O grupo, que teria ramificações políticas, comandava um esquema que, pelas contas da PF, pode ter provocado prejuízo de R$ 20 milhões aos cofres do Amapá desde 2003.

Pelo menos cinco pessoas, entre os 25 presos, têm ligações com partidos políticos e autoridades do Amapá. Braz Martial Josafá e Frank Roberto Góes da Silva são próximos do governador Waldez Góes (PDT). O primeiro é um auditor licenciado da Receita Federal e, segundo a PF, admitiu que atuou captando recursos para a campanha de reeleição do governador. O segundo é sobrinho de Waldez e trabalha com o líder do governo na Assembléia, deputado Roberto Góes, primo do governador."

José Gregório Ribeiro de Faria, chefe de gabinete da Secretaria de Saúde, preso na semana passada, é, segundo a PF, ligado ao PMDB e foi indicado para o cargo pelo partido. Já o ex-secretário Uilton Tavares, preso ontem, é o segundo suplente do senador Papaléo Paes (PSDB-AP). Também preso ontem, Abelardo Tavares foi secretário de Saúde no primeiro mandato de Waldez. Na casa dele, foram apreendidos R$ 32 mil.

Dos 16 presos semana passada, 15 foram liberados ontem porque venceu o prazo da prisão temporária. Braz foi o único que teve a prisão prorrogada.

O esquema consistia na fraude em licitações para aquisição de medicamentos, com empresas concorrendo com preços abaixo dos de mercado.

— Segundo as investigações, o grupo fraudava as licitações apresentando o preço de custo dos medicamentos. Isso garantiria que determinada empresa ganharia — explicou o superintendente da PF no Amapá, o delegado federal Rui Fontel.

Depois de ganhar a licitação, as empresas não entregavam toda a mercadoria contratada. Em alguns casos, só cerca de 60% dos produtos eram entregues. O restante da mercadoria tinha o seu fornecimento atestado por servidores públicos que participavam do esquema. Os pagamentos às empresas também eram acelerados pelos funcionários públicos envolvidos.

— Eles lucravam e pagavam a propina, não entregando até 40% do total pago, de acordo com as investigações. Em alguns depoimentos que já tomamos, as pessoas admitem que não entregavam 25% do material encomendado — explicou o delegado Fontel.