segunda-feira, 4 de junho de 2007

Correio do leitor

Recebi, por e-mail, esse texto da minha amiga jornalista Dulcivânia Freitas, que acabou perdendo um dia de trabalho por causa da constante falta de água no bairro em que mora.

"Sem água todo dia, que agonia....
Relato um fato que aconteceu comigo, mas que tem uma dimensão coletiva. Nesta segunda-feira, 4 de junho, não fui trabalhar porque não tenho água em casa sequer para escovar os dentes e tomar um banho, mesmo que fosse de caneco. Faço este comunicado para que todos saibam – desde meus chefes, demais colegas de trabalho e clientes em geral da empresa onde trabalho - que minha ausência não é voluntária, mas provocada por uma situação ultrajante que está fora do meu alcance de solução.

Esta situação não é nova e acabou ‘obrigando’ progressivamente meus vizinhos e milhares de outras famílias em Macapá, de outros bairros, a tomarem uma atitude individualista, que é mandar fazer poços. Certamente em pouco tempo tomarei esta providência também, assim que conseguir juntar o dinheiro suficiente para pagar pelo serviço. Mas as milhares de pessoa que não têm nem como fazer um planejamento desse, como é que ficam?

Alguém pode dizer: ah, mas por que não pede água a um vizinho? Claro que eu poderia novamente fazer isso e tenho certeza absoluta que conseguiria água suficiente para a higiene pessoal e também para atender todas as necessidades de uma casa. A questão é que este problema é permanente, onde eu moro (Conjunto Embrapa) a água da Caesa só chega certo mesmo de madrugada e, eventualmente, ao meio-dia (durante duas horas, no máximo).

Há período que não chegam nem de madrugada, como aconteceu nesta segunda-feira. Por isso refleti que não é tão somente a solidariedade dos amigos (também bem-vinda) que devemos buscar, mas sim reclamar publicamente por uma solução de infra-estrutura para que eu e todos tenhamos atendido nosso direito básico de termos água em casa. Afinal pagamos por isso de forma direta, por meio da fatura mensal que jamais falta. Não quero nem informar meu endereço, porque o que é correto é uma solução (não aceito discurso pronto) de infra-estrutura para a cidade e não para um caso em particular.

p.s.: Dos cinco números de telefone da Caesa que encontrei na lista telefônica, três atendem com a seguinte mensagem: “Este telefone não está recebendo chamadas” . Os outros dois "respondem” com a mensagem “Não foi possível completar sua chamada”. Fiz seis tentativas para cada número.

Dulcivânia Freitas - Jornalista residente em Macapá
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