domingo, 15 de julho de 2007

Poetas do Amapá

Domingo tem que ter beleza, lirismo, poesia.

CIDADE GRANDE
Alcy Araújo Cavalcante
Sei
: o anjo lírico
que guarda minha ternura
ouve o silêncio
que nasce na rosa.
Sei mais
: o poeta louco
das ruas do meu mundo
fala a gramática do jardim.
Mais ainda
: o meu doido lúcido
inchado de onírica lucidez
tem orquídeas nos seus galhos.
E também
: a namorada morena
que aquece os meus lençóis
absorve a essência das flores.
Na cidade grande
distante dos meus longes
carente dos meus verdes
entro no mercado de concreto
e compro rosas.

MEUS OLHOS FALAM TÃO POUCO
Paulo Tarso Barros
Às vezes,
por corpo eu tenho o Universo
e o meu coração
torna-se uma estrela.
Por isso
não decifro as sombras
ocultas pelas coisas;
Por isso sou triste
e os meus olhos falam tão pouco
a linguagem do silêncio.

EMERSÃO
Fernando Canto
Só se aprende o mundo
se se sai do fundo.
Só se sai do fundo
se se aprende o mundo.
Entre o ar e a água
entre o nado e o vôo
não prefiro a terra
não me quero chão.
Me quero fluido
no limbo, no vão.

VIDA
Paulo Ronaldo Almeida
O repórter policial
reza para Deus
e pede um bom dia.
Para ele, bom dia,
significa desgraça, morte
e dor no submundo da cidade.