quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Cirurgião é denunciado ao CRM

O médico Osvaldo Vicente dos Santos foi denunciado semana passada ao Conselho Regional de Medicina pela família de Michel Cavalcante Lima, um jovem que morreu após ter sido operado por Osvaldo Santos para redução do estômago. A família alega erro médico, irresponsabilidade, descaso e displicência do médico.
Para a população, a família de Michel está distribuindo esta carta:

"É revoltante como a cirurgia de redução de estômago vem sendo banalizada por um certo cirurgião de nossa cidade.Esta conduta inescrupulosa está colocando em perigo a vida dos cidadãos amapaenses e, principalmente, das pessoas que amamos. Foi o que aconteceu com o nosso querido MICHEL CAVALCANTE LIMA, 29 anos, casado,pai de duas crianças.

Ano passado, Michel descobriu que este médico estava realizando, em Macapá, a gastroplastia (cirurgia de redução de estômago) e, para saber mais sobre o assunto, começou a frequentar as reuniões ministradas por ele. Durante os encontros, o tal cirurgião ressaltava, de forma irresponsável, as "maravilhas" da redução de estômago, induzindo os pacientes e fazendo-os acreditar que suas vidas iriam mudar totalmente depois que emagrecessem, como se magreza fosse a receita da felicidade. Se isso fosse realmente verdade, não existiriam magros infelizes e inseguros. Mesmo participando das reuniões, Michel ainda não estava convencido de que a cirurgia seria um procedimento seguro, mas, apesar do medo que sentia, acabou sendo encorajado pelo médico e decidiu ser operado em 15/08/2007. Após 4 horas no centro cirúrgico, foi encaminhado para UTI. Em seguida, descobrimos que, durante a cirurgia, o cirurgião perfurou e retirou o baço do Michel. Angustiados, ficamos à espera de uma explicação, mas, para nossa surpresa e indignação, o médico e seus assistentes já tinham sumido do hospital, sem esclarecer à família o que havia acontecido. Cinco dias depois (20/08), Michel recebeu alta. Em casa, teve uma série de complicações. Quando foi ao consultório, queixando-se de dores, febre e falta de ar, o médico ignorou totalmente a situação. Não receitou nenhum medicamento nem solicitou exames necessários para descobrir o que estava acontecendo. A consulta limitou-se apenas a duas frases: "está tudo bem, isso é normal". Aliás, "isso é normal" foi a expressão que mais ouvimos deste "doutor". Michel e seus pais saíram do consultório bastante preocupados com o descaso do médico.

Como Michel continuou sentindo muitas dores nas costas, no abdômen, febre e falta de ar, foi levado pela esposa para outro hospital, onde ficou internado (28/08) sob a "responsabilidade" do mesmo cirurgião. Passou uma semana tomando dipirona, omeprazol e outros medicamentos. Neste período, o médico não apareceu nenhuma vez para conversar com a família sobre o quadro clínico do paciente. No dia 03/09, Michel foi operado novamente. O médico disse que era apenas um abscesso, mas na verdade, já havia uma fístula (abertura) no estômago, agravando ainda mais a situação. Após a segunda cirurgia, Michel não melhorou. Os procedimentos equivocados do médico e a constante falta de esclarecimento nos deixavam cada vez mais inseguros e aflitos, por isso pedimos que Michel fosse transferido com urgência para Belém. Depois que providenciou a liberação do paciente, o médico COVARDE sumiu novamente. Não teve sequer a coragem e a dignidade de enfrentar a família, deixando evidente que havia perdido o controle da situação.

Quando chegou a Belém (06/09), Michel foi assistido por uma excelente equipe médica do Hospital Porto Dias, mas já era tarde. A infecção já estava generalizada e as bactérias, multirresistentes aos antibióticos. Mesmo assim, ainda foi submetido a mais cinco cirurgias, sendo que na última, sábado (29/09), teve três paradas cardíacas, falecendo às 17h.

Mais de 40 dias de sofrimento. Foi o tempo que Michel ficou padecendo em consequência de uma cirurgia mal sucedida e, infelizmente, por orientação do nosso advogado, ainda não podemos revelar o nome deste médico. Mas não restam dúvidas de que todos os procedimentos adotados por ele, antes, durante e após o ato cirúrgico, foram permeados pela IMPERÍCIA, NEGLIGÊNCIA e IMPRUDÊNCIA.

Michel era um jovem alegre e cheio de planos. Deixou indignados muitos amigos e familiares. Lamentavelmente, só depois de sua morte descobrimos que este cirurgião é alvo de constantes acusações e que existem outros pacientes, também vítimas de sua INCOMPETÊNCIA. Já denunciamos o caso à Justiça e ao Conselho Regional de Medicina. Sabemos que isso não trará nosso amado Michel de volta, mas é nossa obrigação denunciar e divulgar o que aconteceu.

A expressão "o erro médico a terra encobre" é coisa do passado. Precisamos coibir as ações irresponsáveis deste cirurgião para evitar que outras vidas sejam ceifadas."