terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Gian Danton no Projeto Lamparina

Professor universitário, mestre em Comunicação, jornalista, escritor e roteirista de quadrinhos, Gian Danton, pseudônimo de Ivan Carlo, está no Projeto Lamparina - alumiando a cultura amapaense. Ele vai palestrar sobre marketing cultural, terça-feira, 18, no Teatro das Bacabeiras. Uma pesquisa no Google sobre ele aponta 42.300 resultados.

Gian Danton já trabalhou em diversas editoras do Brasil e do exterior. Seus trabalhos mais recentes incluem a graphic Manticore, ganhadora de diversos prêmios, inclusive o Ângelo Agostini de melhor roteirista. Outro trabalho recente foi o texto para o álbum War – histórias de guerra, desenhado pelo veterano Colonesse, lançado pela Opera Graphica. Atualmente Gian Danton mora em Macapá e trabalha como professor universitário e escreve livros para editoras do sul-sudeste e roteiros de quadrinhos para uma editora de Portugal. O volume dois da coleção Clássicos da Literatura Juvenil, Robin Hood, também foi de sua autoria. (www.overbo.com.br)

Gian Danton
Por: Gian Danton
Meu nome é Ivan Carlo Andrade de Oliveira, mas nove em cada dez pessoas me conhece como Gian Danton.
O pseudônimo Gian Danton surgiu no final dos anos 80. Nessa época eu comecei a escrever histórias em quadrinhos, a maior parte ilustradas por Bené Nascimento (que hoje assina Joe Bennett e desenha histórias do Homem-aranha).
Naquele período tenebroso nós estávamos saindo de uma ditadura e todos acreditavam que os militares não iriam desistir tão facilmente do poder. Tanto que, toda vez que ouvíamos aquela musiquinha do plantão do Jornal Nacional, pensávamos: "Pronto, a ditadura voltou".
Bem, a diversão predileta, minha e do Bené, era sacanear os militares em nossas HQs. Tínhamos um personagem chamado Coronel Ordem que era o símbolo da ditadura. Terminava com ele louco porque sua esposa o havia corneado com um de seus superiores...
Em outra história, intitulada "Arlequim", um militar homossexual é atormentado pelas lembranças de um homem que ele torturou no tempo da ditadura.
Fazendo esse tipo de história, eu achei que precisava de um pseudônimo. Assim, quando os militares tomassem o poder, até eles descobrirem que o cara que fazia aquelas histórias era eu, eu já tinha picado a mula (na época era senso-comum entre meus amigos que deveríamos fugir em massa do país se a ditadura voltasse).
Gian Danton caiu como uma luva, pois Danton era um dos principais líderes da revolução francesa.
Tudo isso pode parecer um pouco paranóico e é mesmo. Minha avó, que passou por três ditaduras, dizia que as paredes tinham ouvidos. Umberto Eco diz que o mal do século XX é a paranóia , mas não explica porque. Em minha opinião, a grande quantidade de regimes totalitários que tivemos no século passado criou uma espécie de paranóia no inconsciente coletivo (talvez eu escreva sobre isso algum dia).
O fato é que a ditadura nunca veio e as pessoas que curtem quadrinhos e literatura passaram a me conhecer como Gian Danton.
Atualmente sou professor universitário em Macapá (onde todo mundo me conhece como Ivan Carlo).
Meu último trabalho importante na área de quadrinhos foi o roteiro da revista Manticore, que ganhou todos os prêmios possíveis, mas não deu grana para nenhum de nós.
Quando não estou dando aulas, dedico-me a escrever. Tenho vários livros publicados pela Virtual Books e mais três livros (esses impressos) lançados pelas faculdades em que leciono. São sobre redação científica, redação jornalística e cultura pop.Tenho dois filhos: o Alexandre Magno, que sabe o nome e a localização de todos os países do mundo, e a Moira, que adora sentar no meu colo quando estou escrevendo (quem descobrir as referências quadrinísticas nesses dois nome ganha um doce. Duas dicas: Watchmen e X-men).