terça-feira, 7 de abril de 2009

Artigo

UMA DÍVIDA PAGA

Alcides Oliveira
(alcides.oliveira2005@ig.com.br)

Por que será que o povo amapaense faz festa, quando algum serviço constitucionalmente essencial é colocado a disposição desse povo? Por que será que ele faz festa quando recebe algum benefício, sendo que em outras “paragens” ele recebe o benefício, e ao contrário da festança, ele quer mais? Será que essa festa é pela desilusão que o povo tinha em relação a esse beneficio e que agora um pouco dela se esvaiu? Será pela dificuldade desse povo conseguir algo tão caro a ele e que agora uma parte do sonho se realiza? Será que essa dívida com o povo amapaense é tão difícil de ser paga, que quando uma promissória o é, isso merece uma festança regada de todos os ingredientes políticos possíveis? É inegável que o Estado do Amapá ao ser incluído no Programa Luz para Todos do Governo Federal, passa a receber uma parcela do que a nação brasileira deve a ele e a seu povo, porquanto dezenas de anos os estados da região amazônica ficaram excluídos de vários benefícios já alocados em outras regiões, deixando essa parte do Brasil andando a passos lentos em busca do desenvolvimento, ficando a região no atraso e assim, seu povo, tendo menos oportunidades de usufruir de situações que lhe traria satisfação em ver sua terra desenvolvida, com o seu próprio desenvolvimento pessoal, por conseguinte o desenvolvimento familiar. O referido programa fará com que milhares de famílias do Estado do Amapá, deixe de viver como se estivessem vivendo no século IX, famílias essas que hoje ainda tem a lamparina como os seus olhos, do entardecer ao amanhecer, vivendo assim sem uma expectativa de melhorar de vida, qual seja, a de pelo menos ter um catitu para facilitar na obra da feitura da farinha, pois o ralar fere muito as mãos e é um ato do atraso, de ter pelo menos uma bomba para buscar a água das entranhas da terra, mais pura, mais saudável e portanto evitando muitas doenças, de ter uma escola que possa funcionar a noite, com toda luminosidade, para aqueles que durante o dia está no labor, tirando da terra o pão para si e para os seus filhos. Por que essas ações até hoje não puderam ser realizadas por essas milhares de famílias? A resposta é porque não tinha energia elétrica. E por que em outras paragens, principalmente sulinas tem? O nosso caboclo não entende, muitos não entendem, então quando isso se realiza, tarde mas se realiza, por essas bandas, o povo amapaense eleva as mãos para Deus e agradece, dançam, soltam foguetes, confeccionam faixas em alusão ao evento, estende as mãos aos líderes e agradece, sendo que ao povo é que se deveria agradecer pela paciência da espera, pedir desculpas pelo sofrimento a ele imposto por tantos anos de descaso e exclusão e esclarecer, admitindo que a nação não está fazendo nenhum favor, esclarecer que o povo está recebendo o que lhe é devido, e ao povo, pobre povo, esclarecer também, que cobre mais, que exija mais o pagamento das dívidas sociais devidas a esse rincão e quando essa dívida terminar, se terminar, ai sim, a festança será completa, com todos os ingredientes constitucionais que sempre é e deve ser voltado para ele. O povo merece tudo aquilo que pode trazer felicidade, desenvolvimento, conhecimento, trabalho, fartura, riqueza e realizações, afim de que esse povo tenha, com tudo isso, um futuro muito promissor, podendo festejar todos os dias, um feliz dia, um amanhã que sempre há de vir.